Fiquei sabendo que você perguntou sobre mim, aos meus amigos. Disse
que há tempos não me via, e que sentia saudade do meu pai, da minha mãe e pessoas próximas; que sou uma bom rapaz, e que nós apenas não demos
certo. Desejou a minha sorte e garantiu, diante de todos, que eu
encontraria uma boa pessoa, a mulher dos sonhos. Eu encontrei, e foi
você, por um bom tempo. Na minha carne pálida, quando fechos os olhos,
ainda sinto as suas mãos firmes; na minha nuca, cabelos ao vento.
Há dias em que até mesmo o seu sorriso, sempre acompanhado de um
desviar de olhos, bate à janela do meu quarto e também na janela da
memória.
Quantas juras você me fez? Disse que eu era o seu homem, e perdi as contas de quantas horas gastamos escolhendo o nome dos nossos filhos que, bem sabíamos, não chegariam tão cedo. E você sempre dizia que ainda era cedo demais. Mas, quando se promete a eternidade, não seriam todos os dias "cedo demais"? Ainda tenho nos papéis o meu nome acompanhado do sobrenome seu — que crime há em sonhar?
Eu era uma bom cara, quando te conheci. O que restou quando você se foi levando as promessas, as risadas, os sonhos, e a minha pureza? Na noite seguinte, com outro você estava. Sabe quanto tempo eu precisei para conseguir fazer algo outra vez? E, sim, estou falando de carne, pois a alma há tempos ninguém toca — exceto eu mesmo. Ainda acredito que, uma hora ou outra, acabarei me cansando dessas noites mal dormidas, das tantas festas que me obrigo a ir, ou não vou, dos corações que agora sou eu quem machuco, das escapadas e lágrimas que, hoje em dia, eu só sei causar. Pode ser, sim, que eu encontre uma mulher capaz de perdoar meus primeiros tropeços, de ficar ao meu lado quando o choro brotar, que saiba que toda esta raiva é por medo de amar. Amar e, mais uma vez, acabar sozinho, perdido no meio do caminho, justo após ter escurecido. Ainda assim, o que dizer? Se essa mulher não chegar, não morrerei. Sobrevivi aos seus erros, posso sobreviver aos meus também; suportei as suas mentiras, posso suportar os meus defeitos muito bem.
Não te esqueci. Acredito até que jamais me esquecerei. Você sempre será aquele erro que não falo, o alarme que só apita quando estou diante de uma nova paixão. Mas saiba que não choro mais, e que agora conheço o novo homem que eu sou. Dono de mim, descobri que sou dono do mundo. E, no meu mundo, não há espaço para garotas pequenas como você. Por Zílio
Quantas juras você me fez? Disse que eu era o seu homem, e perdi as contas de quantas horas gastamos escolhendo o nome dos nossos filhos que, bem sabíamos, não chegariam tão cedo. E você sempre dizia que ainda era cedo demais. Mas, quando se promete a eternidade, não seriam todos os dias "cedo demais"? Ainda tenho nos papéis o meu nome acompanhado do sobrenome seu — que crime há em sonhar?
Eu era uma bom cara, quando te conheci. O que restou quando você se foi levando as promessas, as risadas, os sonhos, e a minha pureza? Na noite seguinte, com outro você estava. Sabe quanto tempo eu precisei para conseguir fazer algo outra vez? E, sim, estou falando de carne, pois a alma há tempos ninguém toca — exceto eu mesmo. Ainda acredito que, uma hora ou outra, acabarei me cansando dessas noites mal dormidas, das tantas festas que me obrigo a ir, ou não vou, dos corações que agora sou eu quem machuco, das escapadas e lágrimas que, hoje em dia, eu só sei causar. Pode ser, sim, que eu encontre uma mulher capaz de perdoar meus primeiros tropeços, de ficar ao meu lado quando o choro brotar, que saiba que toda esta raiva é por medo de amar. Amar e, mais uma vez, acabar sozinho, perdido no meio do caminho, justo após ter escurecido. Ainda assim, o que dizer? Se essa mulher não chegar, não morrerei. Sobrevivi aos seus erros, posso sobreviver aos meus também; suportei as suas mentiras, posso suportar os meus defeitos muito bem.
Não te esqueci. Acredito até que jamais me esquecerei. Você sempre será aquele erro que não falo, o alarme que só apita quando estou diante de uma nova paixão. Mas saiba que não choro mais, e que agora conheço o novo homem que eu sou. Dono de mim, descobri que sou dono do mundo. E, no meu mundo, não há espaço para garotas pequenas como você. Por Zílio